De onde veio essa menina? – 3. Nasce(m) a(s) Malu(s)
Em 2004 nasceu a minha primeira sobrinha e em meio à corujice do momento, me apropriei do apelido da então pequena Maria Luiza e batizei também a minha menina de Malu, que pode ser o diminutivo de Maria Luiza ou Maria Lúcia. Lycio, o editor das tiras no Jornal do Estado, me disse certa vez que o pessoal da redação chamava a personagem de “Lúcia”. O importante era que, enfim, minha protagonista de Folheteen tinha um nome. Eu disse protagonista? Sim, agora as coisas começavam a se encaixar em minha cabeça obtusa.
Mas, em 2005, quando uma identidade para a série começava a se formar em algum lugar obscuro de meu cérebro, vieram cortes de orçamento e os quadrinhos foram incluídos na lista de baixas do jornal.
Naquele mesmo ano foi realizado o evento Mundo dos Quadrinhos em São Paulo, com o atrativo do 1º Concurso Internacional de Quadrinhos do Senac-SP. Para minha surpresa, alegria e confusão fui o vencedor com a HQ Ponto Final protagonizada pela Malu! E o prêmio não poderia ser melhor: eu teria uma Graphic Novel publicada pela editora Devir, parceira do concurso. Minha menina migraria dos jornais locais para as livrarias de todo o país pela primeira vez!
O livro Folheteen foi lançado em janeiro de 2007 e obteve boas resenhas, mesmo ainda contando com uma participação especial do Sr. Máscara Negra, que depois decidi deixar de lado por não ter nada a ver com o tom que Folheteen começava a seguir.
No ano seguinte, Malu ganhou uma edição especial só dela no jornal O Globo, onde protagonizou em dezembro, no caderno Megazine, uma história chamada E lá se vai 2008. Uma retrospectiva em que os principais eventos do ano eram vistos sob a perspectiva cotidiana de Malu. Mas, como não poderia deixar de ser num jornal, o processo criativo foi uma maratona contra o tempo: Apenas 12 dias entre o convite, a criação do roteiro, ilustração e a revisão final do texto e artes de uma HQ de oito páginas. Recebi uma lista de eventos que poderiam estar na HQ e acrescentei uma homenagem a dois grandes nomes das HQs nacionais que se foram naquele ano: Cláudio Seto e Gedeone Malagola, e mandei bala.
O resultado foi uma HQ bonita, mas que por engano matou o ator Paulo Autran uma segunda vez. Ele havia falecido no ano anterior e, na correria do fechamento, o fato passou despercebido a todos. Uma pequena gafe, mas ainda assim uma homenagem.
Em 2009 fui um dos convidados do FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte) e participei da exposição Isto é a França. Quinze artistas franceses e quinze artistas brasileiros foram convidados a, numa página apenas, registrar suas impressões sobre coisas tipicamente francesas como a Torre Eiffel, perfumes, greves, Museu do Louvre, Brigitte Bardot ou, no meu caso, Asterix, o gaulês mais famoso do mundo. Criei uma história em que Malu e Marcelo esmiúçam, do seu jeito, o maior ícone do quadrinho francês.